Quem
nunca ouviu falar da Amazonas? Apesar de presença rara nas ruas e estradas, a
moto brasileira com mecânica Volkswagen refrigerada a ar ficou mundialmente
famosa, por essa peculiaridade e por sua exuberância de dimensões e peso.
Sua
origem é atribuída à Motovolks, criação dos mecânicos Luiz Antônio Gomi e José
Carlos Biston no início da década de 70. Gomi e Biston instalaram um motor VW
1500 "a ar" e o câmbio de quatro marchas de automóvel em uma enorme
motocicleta de 330 kg , com quadro que misturava partes de uma Harley-Davi dson, de uma Indian e a parte
inferior de fabricação artesanal.
Como se espera, houve dificuldades: foi preciso
aliviar o volante do motor, para conter a tendência da moto de inclinar ao ser
acelerada, e instalar uma alavanca específica para a marcha à ré, evitando
confusão com as demais marchas, comandadas pelo pé esquerdo. Duas molas
auxiliares reforçavam a suspensão traseira e dois amortecedores (de direção do
Fusca) estavam ao lado dos tubos do garfo. Os mecânicos teriam construído
quatro unidades da Motovolks, cujo paradeiro não se conhece, mas a idéia teria
uma longa sobrevida.
A empresa, Amazonas
Motocicletas Especiais Ltda. ou AME, era fundada em 15 de agosto de 1978 no
bairro da Penha, na capital paulista. No mês seguinte já chegavam ao mercado as
versões Turismo Luxo, Esporte Luxo e Militar Luxo da Amazonas, com seu estilo
desajeitado mas imponente. Com 2,32 metros de comprimento, 1,67 m entre eixos e mais de 380 kg , era muito maior e mais pesada que qualquer moto
nacional — e uma das mais avantajadas do mundo
Suas linhas lembravam as das Harley-Davi dsons 1200 da época. Tinha um grande tanque (24
litros ),
carenagens laterais atrás do motor, um largo banco, farol retangular e itens
cromados em profusão. Dois porta-objetos ladeavam o pára-lama traseiro, sendo
protegidos por frisos cromados; acima vinha um bagageiro também cromado.
Em testes
da imprensa o "dinossauro de duas rodas" obteve velocidade máxima
entre 133 e 144 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 8,7 a 10,3 segundos, conforme o ano do teste. O consumo
em cidade era de 11 km/l, e em estrada, de até 16 km/l.
Para dar conta de tanta
sede, o tanque podia ter de 30 a 40 litros de capacidade. Boa para os donos do petróleo, como
o presidente da companhia petrolífera oficial do Kuwait, Husain Asad, que no
início da década de 80 adquiriu uma Amazonas para uso pessoal. Outras unidades
foram exportadas para o Japão (onde chegou a ser capa de revista, uma
comprovação de seu interesse mundial), Estados Unidos, França, Alemanha e
Suíça.
A moto recebeu aprimoramentos durante sua vida,
mas em geral discretos. No início da década era oferecido o motor a
álcool, que possuía carenagem mais ampla para ajudar a manter o motor em
maior temperatura. Em 1982 ganhava uma renovação de estilo, com dois faróis
retangulares menores, abaixo do principal, e encosto para o passageiro. Uma
opção de pintura então adotada, com faixas em azul-claro e vermelho sobre fundo
branco, era um tanto chamativa e acentuava suas dimensões.
Ficha técnica
|
Amazonas 1600 Turismo
(1983)
|
MOTOR - 4 cilindros
horizontais opostos, 4 tempos, refrigerado a ar; comando no bloco, 2 válvulas
por cilindro. Diâmetro e curso: 85,5 x
|
CÂMBIO - 4 marchas mais ré; transmissão por corrente. |
FREIOS - dianteiro, duplo disco; traseiro, um disco. |
QUADRO - berço duplo em aço. |
SUSPENSÃO - dianteira, telescópica; traseira, duas molas |
PNEUS - dianteiro e traseiro, 5,00-16. |
DIMENSÕES - comp.2 |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, cerca de |
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